A infância é um período fascinante de
descobertas contínuas. É uma época em que qualquer informação é recebida
como novidade, desde as mais simples, como a chuva que cai do céu, até
as mais complexas, que envolvem assuntos como amor, sexo e morte. E não é
à toa que é chamada de “fase dos porquês”. Conforme as crianças
crescem, as dúvidas aparecem – e os pais frequentemente são pegos de
surpresa por questionamentos curiosos que podem deixá-los perdidos num
primeiro momento. Pensando nisso, selecionamos aqui algumas perguntas
delicadas e consultamos especialistas para ajudar você a se sair bem de
cada uma delas.
Como os bebês nascem?
O
sexo está, para a maioria das pessoas, no topo da lista de assuntos
constrangedores para abordar dentro de casa. Mas não deveria ser assim.
Se o tema for tratado como tabu desde cedo, a criança pode crescer com
problemas em relação a ele e não se sentir confortável para conversar
com os pais na adolescência, quando começar a ter contato com
relacionamentos. Conte, então, como funciona a gravidez de maneira
simplificada. Se tiver muita dificuldade, vale um “não sei como te
explicar, mas sua tia sabe” ou “vou comprar um livro para ajudar a
gente”.
Mulheres não têm pipi?
Aqui
a dica é a mesma da pergunta anterior. Não há motivos para desconversar
nem para tratar a questão de maneira dramática. Explique as diferenças
entre homem e mulher sem causar constrangimentos, assim seu filho terá
mais facilidade para entender, posteriormente, outros assuntos
relacionados aos gêneros e à sexualidade.
O que é ser gay?
Regra
geral: se você demonstrar qualquer tipo de preconceito na frente da
criança, ela vai herdar esses valores e se tornar uma pessoa com
dificuldade em conviver com outras. Conte que, apesar de diferentes,
todos são iguais, e que o amor é importante e deve ser respeitado em
todas as suas formas. Fale também que existem diversos tipos de família e
não há problema algum nisso. O tema da homossexualidade, inclusive, é
abordado cada vez mais naturalmente dentro das escolas brasileiras, e as
crianças costumam ter facilidade em entendê-lo.
Por que as pessoas morrem?
Por
mais complicada que seja a questão, existe uma resposta básica: a morte
faz parte da vida. Afinal, se ninguém morresse, o planeta não
aguentaria! Mas a pergunta é delicada, em especial, porque costuma
aparecer quando a criança entra em contato com a morte de algum parente
ou animal de estimação. Nessas ocasiões, mostre compaixão por sua
tristeza, mas ensine-a a não ficar pensando muito naquilo. A certeza da
morte é, no fim das contas, mais um motivo para valorizarmos os nossos
dias.
Quem é Deus?
Cada
um tem uma crença diferente, o que torna esse questionamento um pouco
mais pessoal que os outros. De modo geral, passe para seu filho uma
versão mais simples daquilo que você acredita que pode ser melhor para
ele. Parênteses: explique a sua visão de Deus, mas deixe claro também
que cada um pode lidar com o tema de uma maneira. Ele deve entender,
mais uma vez, que as pessoas são diferentes e devem ser respeitadas por
isso.
Por que o papai (ou a mamãe) não mora com a gente?
Em
caso de separação dos pais, a sinceridade é a dica principal. A criança
vê o que está acontecendo no dia a dia, pois é uma situação em que
geralmente acontecem conflitos, então não adianta inventar nenhuma
história. Explique que vocês se separaram porque não conseguem mais
manter um relacionamento, mas deixe claro que os dois sempre vão amá-la
da mesma maneira. Outra coisa importante de ressaltar é que a separação
não aconteceu por culpa dela, a reação mais comum da criança.
Por que você está chorando?
Os
filhos veem os pais como uma espécie de fortaleza inabalável. Passar
segurança e maturidade é, sim, importante nessa relação, mas as crianças
têm que entender que os adultos também são humanos sensíveis. Se o seu
filho flagrar você chorando, não disfarce. Não precisa explicar o
problema (que pode ser algo com o que ele ainda não consegue lidar) nem
transferir suas angústias, mas conte que você também fica triste de vez
em quando. Assim ele vai entender até mesmo que o carinho dele pode
ajudá-lo.
Por que existem pessoas más no mundo?
Seja
pelos meios de comunicação, seja pelo contato com os outros, a criança
percebe, com o passar do tempo, que algumas pessoas não são tão legais
como as que ela convive. O que você pode fazer é dizer que todos cometem
erros, mas que toda atitude tem uma consequência. Explique que a pessoa
que praticou aquele crime mostrado no telejornal, por exemplo, será
presa e terá que pagar pelo que fez. Isso é importante para quebrar a
sua visão maniqueísta do mundo e mostrar que a vida é feita de escolhas.
1. Nunca
fuja de nenhuma pergunta nem repreenda seu filho por tê-la feito.
Lembre-se de que crianças saudáveis são crianças curiosas! Os
questionamentos farão com que ele aprenda e se desenvolva cada vez mais.
2. Entenda
por que seu filho está com aquela dúvida. Pergunte onde e quem falou
sobre aquilo com ele. Assim você vai saber melhor o que ele está
pensando e qual tipo de resposta ele quer.
3. Responda
sempre da forma mais singela possível, respeitando a idade da criança.
Se ela perguntar de onde vem a chuva, por exemplo, pode ser que fique
satisfeita apenas com “do céu”. Você não precisa explicar, naquele
momento, todo o processo de condensação da água se não for necessário.
Fontes:
Cecília Zylberstain, psicóloga, psicodramatista e psicoterapeuta; Maria
Helena Vilela, terapeuta e diretora do Instituto Kaplan; Vera Nunes,
psicóloga e ludoterapeuta; Fabrício Carpinejar, escritor e poeta;
Marcelo Bueno, educado
A infância é um período fascinante de
descobertas contínuas. É uma época em que qualquer informação é recebida
como novidade, desde as mais simples, como a chuva que cai do céu, até
as mais complexas, que envolvem assuntos como amor, sexo e morte. E não é
à toa que é chamada de “fase dos porquês”. Conforme as crianças
crescem, as dúvidas aparecem – e os pais frequentemente são pegos de
surpresa por questionamentos curiosos que podem deixá-los perdidos num
primeiro momento. Pensando nisso, selecionamos aqui algumas perguntas
delicadas e consultamos especialistas para ajudar você a se sair bem de
cada uma delas.
Como os bebês nascem?
O
sexo está, para a maioria das pessoas, no topo da lista de assuntos
constrangedores para abordar dentro de casa. Mas não deveria ser assim.
Se o tema for tratado como tabu desde cedo, a criança pode crescer com
problemas em relação a ele e não se sentir confortável para conversar
com os pais na adolescência, quando começar a ter contato com
relacionamentos. Conte, então, como funciona a gravidez de maneira
simplificada. Se tiver muita dificuldade, vale um “não sei como te
explicar, mas sua tia sabe” ou “vou comprar um livro para ajudar a
gente”.
Mulheres não têm pipi?
Aqui
a dica é a mesma da pergunta anterior. Não há motivos para desconversar
nem para tratar a questão de maneira dramática. Explique as diferenças
entre homem e mulher sem causar constrangimentos, assim seu filho terá
mais facilidade para entender, posteriormente, outros assuntos
relacionados aos gêneros e à sexualidade.
O que é ser gay?
Regra
geral: se você demonstrar qualquer tipo de preconceito na frente da
criança, ela vai herdar esses valores e se tornar uma pessoa com
dificuldade em conviver com outras. Conte que, apesar de diferentes,
todos são iguais, e que o amor é importante e deve ser respeitado em
todas as suas formas. Fale também que existem diversos tipos de família e
não há problema algum nisso. O tema da homossexualidade, inclusive, é
abordado cada vez mais naturalmente dentro das escolas brasileiras, e as
crianças costumam ter facilidade em entendê-lo.
Por que as pessoas morrem?
Por
mais complicada que seja a questão, existe uma resposta básica: a morte
faz parte da vida. Afinal, se ninguém morresse, o planeta não
aguentaria! Mas a pergunta é delicada, em especial, porque costuma
aparecer quando a criança entra em contato com a morte de algum parente
ou animal de estimação. Nessas ocasiões, mostre compaixão por sua
tristeza, mas ensine-a a não ficar pensando muito naquilo. A certeza da
morte é, no fim das contas, mais um motivo para valorizarmos os nossos
dias.
Quem é Deus?
Cada
um tem uma crença diferente, o que torna esse questionamento um pouco
mais pessoal que os outros. De modo geral, passe para seu filho uma
versão mais simples daquilo que você acredita que pode ser melhor para
ele. Parênteses: explique a sua visão de Deus, mas deixe claro também
que cada um pode lidar com o tema de uma maneira. Ele deve entender,
mais uma vez, que as pessoas são diferentes e devem ser respeitadas por
isso.
Por que o papai (ou a mamãe) não mora com a gente?
Em
caso de separação dos pais, a sinceridade é a dica principal. A criança
vê o que está acontecendo no dia a dia, pois é uma situação em que
geralmente acontecem conflitos, então não adianta inventar nenhuma
história. Explique que vocês se separaram porque não conseguem mais
manter um relacionamento, mas deixe claro que os dois sempre vão amá-la
da mesma maneira. Outra coisa importante de ressaltar é que a separação
não aconteceu por culpa dela, a reação mais comum da criança.
Por que você está chorando?
Os
filhos veem os pais como uma espécie de fortaleza inabalável. Passar
segurança e maturidade é, sim, importante nessa relação, mas as crianças
têm que entender que os adultos também são humanos sensíveis. Se o seu
filho flagrar você chorando, não disfarce. Não precisa explicar o
problema (que pode ser algo com o que ele ainda não consegue lidar) nem
transferir suas angústias, mas conte que você também fica triste de vez
em quando. Assim ele vai entender até mesmo que o carinho dele pode
ajudá-lo.
Por que existem pessoas más no mundo?
Seja
pelos meios de comunicação, seja pelo contato com os outros, a criança
percebe, com o passar do tempo, que algumas pessoas não são tão legais
como as que ela convive. O que você pode fazer é dizer que todos cometem
erros, mas que toda atitude tem uma consequência. Explique que a pessoa
que praticou aquele crime mostrado no telejornal, por exemplo, será
presa e terá que pagar pelo que fez. Isso é importante para quebrar a
sua visão maniqueísta do mundo e mostrar que a vida é feita de escolhas.
1. Nunca
fuja de nenhuma pergunta nem repreenda seu filho por tê-la feito.
Lembre-se de que crianças saudáveis são crianças curiosas! Os
questionamentos farão com que ele aprenda e se desenvolva cada vez mais.
2. Entenda
por que seu filho está com aquela dúvida. Pergunte onde e quem falou
sobre aquilo com ele. Assim você vai saber melhor o que ele está
pensando e qual tipo de resposta ele quer.
3. Responda
sempre da forma mais singela possível, respeitando a idade da criança.
Se ela perguntar de onde vem a chuva, por exemplo, pode ser que fique
satisfeita apenas com “do céu”. Você não precisa explicar, naquele
momento, todo o processo de condensação da água se não for necessário.
Fontes:
Cecília Zylberstain, psicóloga, psicodramatista e psicoterapeuta; Maria
Helena Vilela, terapeuta e diretora do Instituto Kaplan; Vera Nunes,
psicóloga e ludoterapeuta; Fabrício Carpinejar, escritor e poeta;
Marcelo Bueno, educado