
Em
alguns momentos, os pais de crianças de dois ou três anos de idade
deparam-se novamente com situações que julgavam ultrapassadas. O
desenvolvimento infantil não é linear. Crescer é um caminho longo e, por
vezes, as crianças cortam por atalhos.
Estas
regressões são consideradas, na sua maioria, normais. Fazem parte dos
altos e baixos do processo de desenvolvimento infantil, embora devamos
estar atentos às suas causas. Normalmente, são pedidos de atenção da
criança, ou porque a mãe está pouco tempo com ela, ou porque, embora
fisicamente presente, está pouco disponível emocionalmente. São também
comuns quando nasce um irmão.
Há
diversos comportamentos de regressão que podem surgir. Por exemplo, a
criança voltar a acordar de noite, quando já dormia um só sono. Se a
criança acorda assustada ou a chorar, é necessário consolá-la e
aguardar algum tempo junto dela para a acalmar. No entanto, não deve
permitir que a criança durma na cama dos pais. Deve também procurar
dar-lhe mais atenção durante o dia e na hora de dormir, lendo-lhe uma
história ou cantando-lhe uma canção. Um outro comportamento regressivo
que pode surgir, diz respeito a só querer a mãe e ter dificuldade em
separar-se dela. Provavelmente, deseja mais atenção da sua parte,
sobretudo no momento da despedida. Pode brincar um pouco com ela antes
de a deixar, trocando algumas palavras com a educadora e mostrando-lhe
que irá regressar.
Mudança de linguagem
Outras
vezes, a criança deixa de chamar as coisas pelos nomes, voltando a
apontar quando quer algo. Esta é uma forma de comunicação utilizada
quando ainda não há linguagem e quando as crianças não sabem como pedir
ou chamar a atenção para alguma coisa.
Se
já estava ultrapassada, e a criança volta a utilizá-la, provavelmente
percebeu que eles ficam intrigados com esse comportamento e que lhe dão
maior atenção. Se a criança já sabe a palavra correspondente, deve
pedir-lhe que a use, mas sem exigir que a pronuncie na perfeição. Se é
uma palavra que ainda não conhece, deve ensiná-la com calma e
paciência. A criança pode ainda pedir de volta a chucha, o biberão ou a
fralda que já tinha deixado, ou mesmo voltar a fazer chichi na cama.
Estes comportamentos só são preocupantes quando se prolongam no tempo.
Se forem comportamentos esporádicos, não deve recriminá-la,
mostrando-se compreensiva e desdramatizando a situação, referindo, por
exemplo, que também lhe aconteceu quando era da sua idade.
As típicas birras
Uma
outra característica desta idade são as birras. Para se saber lidar
com essas situações, há que compreender o que existe por detrás delas.
Por volta dos dois / três anos, as crianças apercebem-se de que podem
ter opiniões e desejos próprios, começando a manifestar a sua vontade e
a querer tomar decisões. É um período de afirmação, em que lhes
interessa o aqui e o agora, bem como a satisfação imediata dos seus
desejos. Inevitavelmente, estes chocam muitas vezes com as restrições
impostas pelos pais.
Deve
procurar antecipar os seus pedidos, avisando previamente a criança. Por
exemplo, se faz uma birra cada vez que vai ao supermercado, deve
colocar os limites antes de sair de casa, procurando chegar a um acordo,
como: “Vamos comprar pão, mas nada de bolos. Depois do jantar podes
comer um rebuçado”. No entanto, nunca deve utilizar a chantagem para
evitar ou controlar uma birra. Quando prevê uma birra, deve tentar
afastá-la do local do conflito (como os corredores das guloseimas ou dos
brinquedos, no supermercado).
Ceder de vez em quando…
Se,
mesmo assim, não conseguir evitar a birra, pode optar por ceder,
tentar distraí-la ou esperar que passe. Se o pedido for aceitável, pode
ceder, mas sempre estabelecendo condições: “Dou-te o bolo mas só se te
acalmares e pedires sem gritar” ou “Dou-te o bolo mas hoje não me
pedes mais nada”. Ceder de vez em quando não interfere na autoridade
dos pais. No entanto, não se deve consentir por já não se aguentar a
birra, mas sim porque o pedido não é assim tão descabido. Se a cedência
for por cansaço, a criança vai aprender que com as birras consegue
sempre o que quer, e elas irão acentuar-se. A distracção também pode
funcionar. Pode lembrar-lhe algo agradável que tenha acontecido ou
falar-lhe de algo bom que irá acontecer em breve. Ignorar a birra só é
possível em alguns contextos, se não estiver a incomodar outras
pessoas. Se se mantiver tranquila e ignorar a birra, repetindo de vez
em quando que já lhe explicou o porquê do “não”, ela acabará por
acalmar. O seu controlo ajudá-la-á a recuperar o seu próprio controlo.
Embora seja difícil fazer uma criança desta idade entender o motivo de
uma recusa, é bom transmitir-lhe o porquê das coisas, não dando apenas
uma ordem ou dizendo “não”. Se estiver num lugar público, o melhor será
abandoná-lo, pelo menos enquanto a criança não se acalmar. Não se
sinta culpada por lhe negar um pedido.
Não deixe de lhes dar atenção!

Em
alguns momentos, os pais de crianças de dois ou três anos de idade
deparam-se novamente com situações que julgavam ultrapassadas. O
desenvolvimento infantil não é linear. Crescer é um caminho longo e, por
vezes, as crianças cortam por atalhos.
Estas
regressões são consideradas, na sua maioria, normais. Fazem parte dos
altos e baixos do processo de desenvolvimento infantil, embora devamos
estar atentos às suas causas. Normalmente, são pedidos de atenção da
criança, ou porque a mãe está pouco tempo com ela, ou porque, embora
fisicamente presente, está pouco disponível emocionalmente. São também
comuns quando nasce um irmão.
Há
diversos comportamentos de regressão que podem surgir. Por exemplo, a
criança voltar a acordar de noite, quando já dormia um só sono. Se a
criança acorda assustada ou a chorar, é necessário consolá-la e
aguardar algum tempo junto dela para a acalmar. No entanto, não deve
permitir que a criança durma na cama dos pais. Deve também procurar
dar-lhe mais atenção durante o dia e na hora de dormir, lendo-lhe uma
história ou cantando-lhe uma canção. Um outro comportamento regressivo
que pode surgir, diz respeito a só querer a mãe e ter dificuldade em
separar-se dela. Provavelmente, deseja mais atenção da sua parte,
sobretudo no momento da despedida. Pode brincar um pouco com ela antes
de a deixar, trocando algumas palavras com a educadora e mostrando-lhe
que irá regressar.
Mudança de linguagem
Outras
vezes, a criança deixa de chamar as coisas pelos nomes, voltando a
apontar quando quer algo. Esta é uma forma de comunicação utilizada
quando ainda não há linguagem e quando as crianças não sabem como pedir
ou chamar a atenção para alguma coisa.
Se
já estava ultrapassada, e a criança volta a utilizá-la, provavelmente
percebeu que eles ficam intrigados com esse comportamento e que lhe dão
maior atenção. Se a criança já sabe a palavra correspondente, deve
pedir-lhe que a use, mas sem exigir que a pronuncie na perfeição. Se é
uma palavra que ainda não conhece, deve ensiná-la com calma e
paciência. A criança pode ainda pedir de volta a chucha, o biberão ou a
fralda que já tinha deixado, ou mesmo voltar a fazer chichi na cama.
Estes comportamentos só são preocupantes quando se prolongam no tempo.
Se forem comportamentos esporádicos, não deve recriminá-la,
mostrando-se compreensiva e desdramatizando a situação, referindo, por
exemplo, que também lhe aconteceu quando era da sua idade.
As típicas birras
Uma
outra característica desta idade são as birras. Para se saber lidar
com essas situações, há que compreender o que existe por detrás delas.
Por volta dos dois / três anos, as crianças apercebem-se de que podem
ter opiniões e desejos próprios, começando a manifestar a sua vontade e
a querer tomar decisões. É um período de afirmação, em que lhes
interessa o aqui e o agora, bem como a satisfação imediata dos seus
desejos. Inevitavelmente, estes chocam muitas vezes com as restrições
impostas pelos pais.
Deve
procurar antecipar os seus pedidos, avisando previamente a criança. Por
exemplo, se faz uma birra cada vez que vai ao supermercado, deve
colocar os limites antes de sair de casa, procurando chegar a um acordo,
como: “Vamos comprar pão, mas nada de bolos. Depois do jantar podes
comer um rebuçado”. No entanto, nunca deve utilizar a chantagem para
evitar ou controlar uma birra. Quando prevê uma birra, deve tentar
afastá-la do local do conflito (como os corredores das guloseimas ou dos
brinquedos, no supermercado).
Ceder de vez em quando…
Se,
mesmo assim, não conseguir evitar a birra, pode optar por ceder,
tentar distraí-la ou esperar que passe. Se o pedido for aceitável, pode
ceder, mas sempre estabelecendo condições: “Dou-te o bolo mas só se te
acalmares e pedires sem gritar” ou “Dou-te o bolo mas hoje não me
pedes mais nada”. Ceder de vez em quando não interfere na autoridade
dos pais. No entanto, não se deve consentir por já não se aguentar a
birra, mas sim porque o pedido não é assim tão descabido. Se a cedência
for por cansaço, a criança vai aprender que com as birras consegue
sempre o que quer, e elas irão acentuar-se. A distracção também pode
funcionar. Pode lembrar-lhe algo agradável que tenha acontecido ou
falar-lhe de algo bom que irá acontecer em breve. Ignorar a birra só é
possível em alguns contextos, se não estiver a incomodar outras
pessoas. Se se mantiver tranquila e ignorar a birra, repetindo de vez
em quando que já lhe explicou o porquê do “não”, ela acabará por
acalmar. O seu controlo ajudá-la-á a recuperar o seu próprio controlo.
Embora seja difícil fazer uma criança desta idade entender o motivo de
uma recusa, é bom transmitir-lhe o porquê das coisas, não dando apenas
uma ordem ou dizendo “não”. Se estiver num lugar público, o melhor será
abandoná-lo, pelo menos enquanto a criança não se acalmar. Não se
sinta culpada por lhe negar um pedido.
Não deixe de lhes dar atenção!
Nenhum comentário:
Postar um comentário